Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.
                                                                                                   (Livro dos Conselhos)

Não sei a quais circunstâncias ou consequências se darão todas as escolhas, mas permito que a felicidade possa estar no instante agora. Pois o tempo é uma continuidade breve e eu sou o ponteiro passageiro desse movimento. Encontro dias sóbrios, para falar bobagens intermináveis e de alguma forma fazer poesia. Saio por aí, sem intenções. Vejo um acaso complementar da vida e me deparo com sorrisos breves e isso faz da cidade uma estampa social. A inocência encantadora das crianças. Um universo espetacular, onde a lua brinda a vida. Um universo paralelo, onde todas as coisas existem e só eu posso sentir. Compartilho conversas e risos soltos. E por ventura, o infinito ao longe, se faz morada dos olhos. Enquanto sigo com os passos, começo a me inundar de pensamentos e dar sentido nas coisas, em meio a desordem dos meus dias. Sem me preocupar, vou esquecendo das horas e me faço tempo. Continuei os passos, apertei o play e a música me descreveu.


          

Melancolia


A noite
despida de lua,
nuvens cinzas
de tristes sinais

Eram saudades suas

Que ora,
tardia a dor,
lamenta a alegria.

Confusão


Quando anoiteço
Por um oásis de melancolia
sou dias finais
de um tempo inteiro

Quando amanheço
por ventura,
florescer

Quando ouso a dor,
entardeço
Perco do início
me desfaço do recomeço.